Review: The World Models P51-D Mustang (40EP)

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brunollo
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Review: The World Models P51-D Mustang (40EP)

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[color=blue:dac0ef1fcb][size=18:dac0ef1fcb]Review: The World Models P51-D Mustang (40EP)[/size:dac0ef1fcb][/color:dac0ef1fcb]
[b:dac0ef1fcb]Aces High![/b:dac0ef1fcb]

[img:dac0ef1fcb]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/P51%20Mustang/mustangmergulho1000.jpg[/img:dac0ef1fcb]
[i:dac0ef1fcb] “Gunfighter” manobra para defender uma formação de bombardeiros contra os temíveis FW 190[/i:dac0ef1fcb]

Não há adjetivos suficientes para descrever o Mustang. O P51 foi um dos divisores de águas na WWII, uma aeronave que conseguiu aliar excelente desempenho em combate a uma grande autonomia. Equipado com o famoso motor Rolls-Royce Merlin, o P51 conseguiu tirar todo o potencial dessa fabulosa usina de força para cumprir a missão de escoltar os bombardeiros durante o percurso completo da Inglaterra até a Alemanha e de volta para casa, além de ser um substituto eficiente para o P-38 Lightning na Guerra do Pacífico. Nessa tarefa difícil, em que combateu os ferozes BF109 e FW190 alemães (além do revolucionário ME262) na Europa e os ágeis Zero e Oscar japoneses no Pacífico, o Mustang forjou sua fama de melhor avião de caça já produzido.

[img:dac0ef1fcb]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/P51%20Mustang/mustang4tempos1000.jpg[/img:dac0ef1fcb]
[i:dac0ef1fcb]O Mustang em quatro tempos:
1. O Gunfighter original.
2. Uma esquadrilha de Mustangs (45th Fighter Squadron) voa uma missão de escolta no Pacífico.
3. Junto dos primos mais novos: Todo caça americano de primeira linha já voou uma formação histórica com um Mustang.
4. O TWM P51, pronto para alçar voo. Ele honrará o nome que carrega?[/i:dac0ef1fcb]

Essa fama heroica e o visual lindo do Mustang levaram os fabricantes de aeromodelos a criarem inúmeras interpretações do caça, com taxas variadas de sucesso (ou fracasso). Desde modelos que voam bem, mas pouco se parecem com o clássico da WWII, até réplicas perfeitas, mas que pecam na hora do vôo. Claro, além desses há os que são feios e voam mal, e desses a gente passa longe.
Há alguns anos eu estudava um modelo de Mustang elétrico que fosse relativamente tranqüilo de voar e divertido, fosse bonito no chão e no ar, e que tivesse trem retrátil. Como eu já havia dito no review do [url=http://www.e-voo.com/forum/viewtopic.php?t=128778]T6 EP TWM[/url], um Warbird sem retráteis acaba com metade da diversão. Depois de ouvir boas avaliações dos parceiros americanos do RCGroups, decidi então adquirir o P51 EP40 da The World Models e tirar minhas próprias conclusões.

[b:dac0ef1fcb]O que ele é?[/b:dac0ef1fcb]
[img:dac0ef1fcb]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/P51%20Mustang/mustangpatrulha1000.jpg[/img:dac0ef1fcb]
[i:dac0ef1fcb] Gunfighter, em missão de patrulha[/i:dac0ef1fcb]

É um warbird? Sim, com seu porte atlético e seu visual aerodinâmico o Mustang é provavelmente o mais famoso warbird de todos os tempos!
É um acrobático? Não. Ele tem comandos pequenos, o potencial acrobático dele é limitado.
É bonito? Muito, especialmente por ter o visual bem definido no ar e uma entelagem interessante, a do Gunfighter. O avião brilha muito numa tarde de sol!
É escala? Si, pero no mucho. O avião não é completamente escala. Pense nele como um esporte-escala bem executado, já que alguns detalhes como o radiador da barriga poderiam ser mais detalhados e a seção inferior da fuselagem traseira até a cauda é quadrada, em vez de redonda. Os retráteis aí somam bastante ao visual e à sensação de escala do avião. Um detalhe interessante é que o comprimento e a envergadura do avião são proporcionais ao do avião de verdade, fazendo dele um avião em escala 1/9.
É veloz? Sim, mas o porte dele disfarça bastante essa velocidade.
É estável? Sim, para um Warbird. Não espere dele a precisão de um acrobático, ou os bons modos em baixa velocidade de um planador. Como qualquer warbird, esse avião deve ser voado com velocidade. E, como qualquer warbird, tem maus modos no estol.
É ARF? Sim, mas é um ARF da World Models. Vc pode montar um modelo razoável by the book ou melhorar bastante o modelo se você prestar atenção a detalhes simples que a fábrica deixa passar.
É barato? Não. Com um preço médio de 550 reais, o kit ARF é mais barato que kits glow do P51, mas há outros aviões elétricos de balsa que custam a metade do preço. A eletrônica que ele pede também não pode ser meia boca, pois há uma exigência maior por causa do peso e do tamanho do avião. Então, o avião não pode ser considerado barato. A questão que surge, então, é: vale o que custa? É o que vamos descobrir.

[b:dac0ef1fcb]Montando[/b:dac0ef1fcb]
[img:dac0ef1fcb]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/P51%20Mustang/mustangnapista1000.jpg[/img:dac0ef1fcb]
[i:dac0ef1fcb]Pronto, o avião da The World Models é realmente bonito de se olhar[/i:dac0ef1fcb]

O P51 não é um avião difícil de montar, é apenas trabalhoso, e muita atenção deve ser dada a alguns detalhes. Como a maioria dos ARFs da World Models, há algumas coisas no P51 muito bem executadas e outras que parecem ter sido feitas por macacos de olhos vendados. O manual é completo e cobre de forma satisfatória a montagem do avião, inclusive a regulagem dos retráteis originais. Mas eu fiz muitas modificações no meu P51, e usei o manual mais como um guia geral. O madeirame em si é espetacular. A fuselagem é assustadoramente leve, as asas também. A fuselagem é muito bem estruturada com liteply e rígida para o que se propõe, mas algumas paredes são de balsa muito fininha e frágil, assim como a tampa da bateria (que parece ser feita de papel de tão leve e frágil). As asas também trabalham no esquema “less is more”: não possuem D-box, vc enxerga perfeitamente o esqueleto delas marcando a entelagem no bordo de ataque. Mas no final das contas, enteladas e coladas, se tornam um conjunto firme.

[img:dac0ef1fcb]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/P51%20Mustang/mustangdetalhesqualidade1000.jpg[/img:dac0ef1fcb]
[i:dac0ef1fcb]Detalhes de qualidade:
1. Fuselagem, asas e empenagem muito leves e bem-feitas, bem estruturadas. Dá gosto montar um avião assim, que você vê que é leve.
2. Asa removível: num avião desse tamanho, é essencial. A fixação é excelente e simples. Os cabos dos servos da asa e do trem retrátil saem numa posição muito boa pra se ligar tudo sem “morder” um cabo com a asa.
3. tampa superior da baia da bateria. Não há melhor posição pra uso em campo, e a qualidade da execução disfarça bem a tampa.
4. Cowl bonito e bem acabado. O acabamento com verniz ficou muito brilhante![/i:dac0ef1fcb]

Por outro lado, o hardware complementar é sofrível: tirando os horns e as dobradiças, todo o resto é de qualidade ruim: os links são de metal muito pesado e foram substituídos por um conjunto completo de links de fibra de carbono. O montante do motor é aquele de plástico que não inspira confiança nenhuma e parece torcer ao menor sinal de torque. O spinner é lindo e perfeito, aquele mais parrudinho típico do P51, mas com o backplate totalmente empenado e impossível de balancear. Troquei por um da Great Planes com backplate em alumínio, que infelizmente não tem o formato parabólico do Mustang original. De qualquer forma, por causa do tamanho do spinner é sempre muito trabalhoso balancear esse conjunto rotativo. O cockpit é lindo, mas a TWM fez o “favor” de abrir um buraco de ventilação NO CANOPI, matando o visual do mesmo (a TWM fez a mesma coisa no T6. Custa abrir um buraco de ventilação na barriga do avião?). O cowl é legal e muito bonito, mas os escapes são fora de escala, muito grandes. Os adesivos são fáceis de aplicar, finos para não agregarem peso e quase todos corretos, a não ser pela grafia do “Gunfighter” e pela ausência do noseart do “atirador bigodudo”. O radiador é um caso à parte: a TWM fez um sistema trabalhoso pra prender o radiador, que desencaixa inteiro, e não moldou um radiador mais escala! O radiador poderia ter sido moldado com a entrada de ar bem-feitinha e mais arredondada do Mustang real, mas fizeram uma caixinha feiosa. Nem pintaram uma entrada de ar num preto simples que fosse, uma pena. E ainda tem os retráteis, dos quais eu vou falar mais tarde.

[img:dac0ef1fcb]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/P51%20Mustang/mustangpontosamelhorar1000.jpg[/img:dac0ef1fcb]
[i:dac0ef1fcb]Pontos a melhorar:
1. O spinner. Ele é lindo, o visual fica perfeito no avião, mas veio torto e foi impossível balancear. Tive que substituí-lo por um normalzinho da Great Planes, mas que balanceava. Nããããoooo!!!
2. O radiador. O que eles capricharam no cowl, descuidaram no radiador.
3. O canopi cortado. Não precisava. Não precisava MESMO.
4. Cadê o atirador bigodudo? Eu vou ter que imprimir um e colar ali![/i:dac0ef1fcb]

A fuselagem é fácil de montar: VC prende o estabilizador do leme, passa o estabilizador do profundor pela fuselagem (antes de colar as superfícies móveis) e depois monta as superfícies de comando, usando as dobradiças de mylar. Em seguida vc instala os horns aparafusados, com cuidado para não quebrar a balsa macia e leve, e a bequilha no leme (a instalação da bequilha é intuitiva, mas ela está numa posição não escala. A bequilha do P51 original fica logo depois do radiador. Entendo que o reposicionamento da bequilha foi uma concessão à leveza e facilidade de construção do avião) Se você quiser, o próximo passo simples é montar o cockpit com o piloto (no meu veio um piloto exageradamente grande, mas eu tinha um piloto 1/9 mais escala e preferi colocar esse. Também vou imprimir um painelzinho de instrumentos de P-51 em papel sulfite e colar no cockpit. Ele merece.) Os servos de acionamento do profundor e do leme são Turnigy MG14, de engrenagens de metal. Os links de ferro pesado foram substituídos por mais leves de fibra de carbono, presos com EZ-links Du-Bro. O montante plástico do motor foi dispensado, e no lugar dele entrou um montante de barras roscadas de mesma bitola das porcas cravadas, muito eficiente e rígido. O motor é um Turnigy 3632 de 1200 kv, acoplado a uma hélice 11x5,5. Comandado por um speed Turnigy de 60A e um BEC Turnigy de 5A (BEC é sempre importantíssimo em aviões com trens retráteis), o conjunto motor-hélice rendeu 517w de pico e 472w estáveis em WOT. O speed foi montado na parte inferior do montante de parafusos, onde recebe ar diretamente da entrada inferior do cowl. O spinner original, muito bonito mas de balanceamento impraticável, foi substituído pelo Great Planes de 3pol e backplate em alumínio, para facilitar o balanceamento. Uma pena que esse spinner não seja parabólico como o dos P51 de verdade. Eu procurei, mas não encontrei um spinner de 3polegadas parabólico, de bom balanceamento e leve para comprar aqui no Brasil. A bateria é uma Nanotech 3s de 2200mAh. E aqui segue outra modificação que eu fiz no Mustang: a motorização sugerida para o avião é para bateria 4s, com motor mais pesado e de KV mais baixo. Um Mustang com a montagem 4s fica com aproximados 1650g. O meu, com a bateria 3s e o motor mais leve de Kv mais alto, ficou com 1350g. E isso porque usa retráteis servoless da E-flite. Se usasse os retráteis normais, talvez economizasse uns outros 20g. Com 300g a menos, o Mustang requer menos potência para vôo e aproxima-se para pouso mais lentamente. Na realidade, o airframe é tão bom e leve que o Mustang voaria muito bem com um motor de 1000kv que entregasse 350w, 100w a menos que o recomendado pela TWM.

[img:dac0ef1fcb]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/P51%20Mustang/mustangdetalhesmontagem1000.jpg[/img:dac0ef1fcb]
[i:dac0ef1fcb]Detalhes de montagem:
1. Fibra de carbono nos links: adeus arame pesado!
2. Spinner da Great Planes. Ficou até bonito, mas não não é o original e nem parabólico... já pensei até em pintar de verde oliva e mascarar uma faixa amarela...
3. Bateria 3s: lighter is better!
4. Montante de barras roscadas, com o motor Turnigy: a melhor, mais leve e rígida solução para o P51.[/i:dac0ef1fcb]

[b:dac0ef1fcb]As asas e os retráteis[/b:dac0ef1fcb]
Eu já havia falado no review do T6 e continuo batendo na mesma tecla: os trens de pouso retráteis oferecidos pela TWM (acionados por servos) não são bons. No T6 eu tive seguidos problemas com esses retráteis e os substituí por e-tracts servoless 15 da E-Flite, que trabalharam perfeitamente. Então no Mustang eu decidi nem instalar os retráteis originais.

[img:dac0ef1fcb]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/P51%20Mustang/mustangtremdepouso1000.jpg[/img:dac0ef1fcb]
[i:dac0ef1fcb]O trem de pouso:
1. Baias do trem: muito bem-feitas.
2. Retráteis acionados por servos: melhor nem usar.
3. Rodas Great Planes: Substituíram bem as rodas magrelas originais.
4. Bequilha: montagem tradicional e simples, não é igual à do Mustang original. Deve ter sido pelo peso e facilidade de montagem.[/i:dac0ef1fcb]

Montei tb os e-tracts nele, mas dessa vez o 25. O sistema eletrônico dos trens retráteis da e-Flite é o mesmo, mas o arame das pernas do 25 é um pouco mais largo. A adaptação é um pouco complexa, uma vez que o mecanismo dos e-tracts é volumoso, e envolve um reforço a todo o sistema. Fazer essa adaptação requer esforço, concentração e um bocado de experiência com madeira e resina para deixar os berços do trem de pouso fortes e ao mesmo tempo leves. Se vc quiser fazer essa adaptação, saiba que é trabalhosa e um pouco cara, mas vale CADA MINUTO E CADA CENTAVO. Eu também troquei as rodas magrelas da TWM por rodas mais parrudas e escala da Great Planes. Depois que instalei os e-tracts, juntar as duas metades da asa (a asa possui diedro e uma barra de madeira inserida nas duas metades da asa para facilitar esse acerto do diedro é oferecida) e instalar os ailerons e servos (dois HXT900, aparafusados e escondidos dentro da asa) foi mamão com açúcar. Os servos ficam completamente escondidos nas asas e fuselagem, o que contribui para a limpeza das linhas.

[yt]lMGBj1vDhS4[/yt]
[i:dac0ef1fcb]E-tracts: a melhor solução para trens retráteis que eu já vi. Simples de instalar, e com um funcionamento à prova de bomba. Vão desde o tamanho 10 até o 40 para glow, então eles podem ser usados em praticamente todos os aeros elétricos que peçam trens retráteis, pois os elétricos são naturalmente mais leves. Pena que são tão caros no Brasil...[/i:dac0ef1fcb]

Aqui, uma dica: Como para aviões com menos de 1,5m é mais difícil encontrar capas de asa prontas, eu uso os sacos plásticos que trazem as asas nas embalagens originais. Não são tão bons quanto capas de asa de tecido e acolchoadas, mas oferecem alguma proteção.

[img:dac0ef1fcb]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/P51%20Mustang/mustangcapadeasa1000.jpg[/img:dac0ef1fcb]
[i:dac0ef1fcb]Dica: use os sacos da embalagem como capas de asa que oferecem proteção contra arranhões e sujeira.[/i:dac0ef1fcb]

[b:dac0ef1fcb]Programação do rádio[/b:dac0ef1fcb]
Como é um warbird, eu tomei alguns cuidados para que o Mustang se comportasse melhor em vôo. Programei 15% de diferencial nos ailerons e ainda programei três posições de flap com opção de um spoileron leve na superior, o que faz diminuir a tendência a estolar de ponta de asa do avião. Os e-tracts também pedem uma programação especial no canal do trem de pouso: vc tem que colocar o curso a mais de 120% para que funcionem apropriadamente. O manual da e-Flite cobre isso em detalhes.

[b:dac0ef1fcb]Entelagem e desempeno[/b:dac0ef1fcb]
[img:dac0ef1fcb]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/P51%20Mustang/mustangdoalto1000.jpg[/img:dac0ef1fcb]
[i:dac0ef1fcb]Do alto, podemos ver a área de asa generosa. Também dá pra ver como a entelagem veio “amarrotada” e precisava de um ferrinho...[/i:dac0ef1fcb]

O trabalho de entelagem da TWM é muito irregular. Eu tenho vários aviões deles, e enquanto a entelagem do Extra e do Sky Walker vieram perfeitas (e continuam perfeitas depois de anos com eles), o T6 tinha vindo bastante amarrotado e viu um bocado de ferrinho. Com o Mustang não foi diferente, e ele pediu umas duas sessões de ferrinho para ficar liso, além de ter vindo com várias pontas soltas. Além disso, depois de colar as duas asas observei que uma delas tinha menos wash-out que a outra. Terror! Tive que desempenar a dita cuja com o ferrinho e ajustar o wash-out, isso deu muito trabalho. E, até a hora do vôo, eu não sabia dizer se havia funcionado. Fui descobrir apenas no fim de semana seguinte...

[b:dac0ef1fcb]Voando[/b:dac0ef1fcb]
[img:dac0ef1fcb]http://i118.photobucket.com/albums/o90/brunollo/Aero/P51%20Mustang/mustangdecostasdecolagem1000.jpg[/img:dac0ef1fcb]
[i:dac0ef1fcb] “Gunfighter”, pronto para decolagem![/i:dac0ef1fcb]

O P51 não é um avião pequeno. As medidas dele, 1,25 por 1,08m, podem fazer parecer que ele é um avião relativamente comedido, mas o P51 tem porte. As asas são largas, a área de asa é generosa (27dm2), a fuselagem é volumosa, o trem é alto, a empenagem é grande. Estacionado na pista, ele realmente tem o tamanho de um avião .40. Na verdade, ele é tão volumoso que a hélice de 11 polegadas parece ser menor, escondida dentro daquele grande spinner. No vôo de estréia, eu alinhei ele na pista, acelerei fundo e ele começou a correr, de repente embicando com vontade, correndo pra direita (ventou atravessado justo na corrida da decolagem) e querendo pilonar. Tive que segurar uma cabradinha para ele não pilonar, e, enquanto acelerava mais e mais, observava que uma vibração tomava conta do avião. Ele pulou no ar com pouco mais de meio motor e eu pensei: “é motor demais, é spinner demais, vou voar apenas com motor suficiente para ele não vibrar, e então pouso ele.” Nisso eu descobri o tanto que ele está supermotorizado. Com meio motor ele voa perfeitamente bem, de forma sólida, veloz, sem tendências ruins e nem perto de estolar. Um avião escala, feito para um vôo mais tranqüilo e menos exigente que um acrobático potente, não precisa de todo esse motor. Como já havia dito antes, ele voaria perfeitamente bem com 350w (depois eu baixei o log do speed e descobri que na maior parte do tempo ele não usa nem 250w pra vôo, e decolou com um pico de 330w...) O meu medo de forçar a bateria era completamente infundado: ela desce fria do vôo.
No ar, descobri que ele tem um comando bom de profundor , bom comando de leme e pouco aileron. Eu bati a chave para subir o trem de pouso e então me dediquei à trimagem. Precisei dar uns 3 cliques de profundor e uns dois de aileron e pronto, ele estava voando bem reto. Ele está usando a quantidade de comando sugerida pela própria TWM. Os rolls são bem lentos por causa do pouco aileron e o piloto tem que apoiar o avião muito mais no profundor e no leme que num acrobático. Numa análise comparativa, o avião voa com a mesma estabilidade do T6 da TWM (avião inclusive com a mesma proporção de escala, 1/9, e 110cm de envergadura). Com a diferença que o T6 só voa chutado, esse avião tem relativamente bons modos a uma velocidade mais baixa. Mas não se enganem. No estol ele continua sendo um P51, e cai de asa traiçoeiramente se a velocidade for baixa demais. Ainda assim ele te dá a opção de passar num rasante sem estar de motor cheio, podendo curtir e ajustar o rasante. O envelope de vôo é mais amplo que o do T6.
Então, depois de quatro minutos de vôo de estreia, em que eu fiz alguns rolls, experimentei curvas de aileron e leme, e senti que ele é um ótimo warbird em vôo, alinhei pra pouso. Bati a chave do retrátil e o vento, que no começo do vôo tinha soprado muito mas tinha passado, voltou a castigar a pista e o P51. Na primeira tentativa, preocupado com o vento e com a capacidade que o avião tem de matar a velocidade no ar sem motor, eu aproximei mas arremeti. Dei a volta com o trem armado, e vim para uma segunda tentativa, mais calçado e glissando leme e aileron, dando motor e vindo DE LADO pra pouso. Ele veio bem caranguejado, chegou em cima da pista e eu fui diminuindo o motor e picando suavemente para manter a velocidade e enfim alinhar com a pista e arredondar pro toque. Ele entrou em efeito solo e, na arredondada, flutuou um pouco mais que o previsto, o que pediu uma picada de leve rápida e precisa seguida de uma arredondada mínima. Tocou firme, quicou de leve e assentou. Correu uns dez metros na pista e parou. O vento lateral era tanto que ele não conseguiu taxiar. Tive que ir buscá-lo no fim da pista. Depois de um vôo gostoso e um batismo de fogo num pouso com ventos fortes, mas que ainda assim saiu bom, o veredito foi: aprovado!

[yt]b5Fx-eOs3cc[/yt]
[i:dac0ef1fcb]Vídeo do voo de estréia, filmado pelo Edgar[/i:dac0ef1fcb]

[b:dac0ef1fcb]Segundo voo[/b:dac0ef1fcb]
No fim de semana seguinte, já tranqüilo por ter estreado com sucesso, levei o Mustang, com a vibração do motor eliminada, para uma segunda sessão de vôo num dia de menos vento. E então eu descobri como ele é um warbird dócil no voo. O avião voa sem mistério, e um pouquinho mais de comando de aileron fez ele ficar mais ágil no roll. Podendo acelerar a cheio o motor descobri também que é uma plataforma que suporta bem velocidade, e voa muito alinhado, sem nenhuma tendência perceptível se bem trimado. Mas o que me surpreendeu foi no fim do voo, como ele é limpo no pouso. Mantendo o motor, a velocidade e trazendo o avião numa rampa suave, ele toca com firmeza o chão, não quica, e corre bastante, mas sem pilonar e nem querer decolar de novo. Os trens retráteis são um show à parte: decolando e batendo a chave, o visual dos trens subindo é apaixonante. No pouso, baixar os trens também chama a atenção. É importante observar que com o trem baixo o Mustang sofre bastante arrasto e pede mais motor. Felizmente, ele não apresenta nenhuma tendência nociva com o trem baixo: apenas sofre mais arrasto e se observa uma tendência muito leve a picar, facilmente controlável.

[yt]Gb6U-Gq9wSs[/yt]
[i:dac0ef1fcb]Vídeo do segundo vôo, filmado pelo Will[/i:dac0ef1fcb]

[b:dac0ef1fcb]Modificações[/b:dac0ef1fcb]
Aeromodelistas não costumam ficar satisfeitos com aviões construídos “by the book”. Eles gostam de modificar seus aviões para extrair um melhor desempenho deles. O P51 responde bem a algumas modificações específicas, que vou listar aqui:
1. a mudança do sistema de motorização por um 3s que entregue 450w é recomendada, pois isso alivia muito peso. Essa modificação no projeto é mandatória para conseguir um melhor desempenho do Mustang através da diminuição do peso.
2. A troca dos links de ferro pesado por outros de fibra de carbono é outro investimento que vale a pena, pois economiza 30g.
3. O flexível montante do motor de plástico deve ser trocado por um de metal, para evitar uma possível flexão ou torção em voo.
4. As rodinhas magrelas originais podem ser substituídas sem prejuízo para o avião por rodas de mesmo diâmetro (2pol) mas mais gordinhas, mais escala. Eu usei rodas Great Planes mais bonitas e ainda assim leves.
5. Uma solução para substituir o spinner original que pode vir seriamente desbalanceado é o uso de um spinner Great Planes de 3polegadas e backplate de alumínio.
6. Finalmente, outra modificação mais complexa, porém mandatória, é a troca dos retráteis movidos por servos da TWM por retráteis servoless da E-Flite. Os chamados E-tracts funcionam como relógios à prova de bomba. São os retráteis mais resistentes que eu já vi!

[b:dac0ef1fcb]É para um iniciante?[/b:dac0ef1fcb]
Não. O Mustang é rápido e deve ser voado com antecipação, para que o piloto não tenha sustos. O pouso dele não é difícil para quem está acostumado a pousar acrobáticos velozes. Mas por causa dos retráteis e do hábito que todos os Mustangs têm de querer cair de ponta de asa e pilonar ele pede uma precisão no pouso que um iniciante simplesmente não tem. Mas ele ajuda no pouso se o piloto for preciso. É um excelente avião para quem consegue voar e pousar com perfeição um acrobático veloz, como o próprio Extra 300EP(10e) da World Models.

[b:dac0ef1fcb]Conclusão:[/b:dac0ef1fcb]
Se há uma palavra que pode descrever o P51, essa palavra é “gentil”. Pois é isso que ele é com o piloto, um dos aviões mais gentis e suaves que eu já tive o prazer de pilotar, e com certeza o P51 mais amigável que eu já voei (talvez o Warbird mais manso que já testei). Na minha opinião ele peca apenas por não ter um visual escala ainda mais esmerado nos detalhes, como o concorrente dele da Hyperion tem (o P51 da Hyperion oferece metralhadoras moldadas em lexan e um radiador mais escala, porque o avião da TWM não poderia ter isso?) Mas em vôo esse avião passa toda a presença do clássico Mustang, com a vantagem de estar sempre sob controle. Com certeza o vôo dele é mais tranqüilo que o do P51 25e da Hyperion, de mesmo porte porém muito mais pesado (o que acaba transformando o avião da Hyperion em uma Stall Queen, infelizmente. Aquele avião é lindo). E o objetivo da gente é se divertir, não é voar tenso.

[b:dac0ef1fcb]Onde comprar:[/b:dac0ef1fcb]
Você encontra o P51 Mustang na Hobbydelivery ( www.hobbydelivery.com.br ) e na Big Field Hobby ( www.bigfield.com.br )

[b:dac0ef1fcb]Prós:[/b:dac0ef1fcb]
-Avião muito bom de voar e bom de pousar. É uma “ave gentil”.
-Presença no ar: completamente Mustang!
-A entelagem é muito bonita e brilha no sol, especialmente se depois da montagem vc passar uma cera líquida no avião.
-Retráteis são sensacionais, warbirds têm que ter retráteis!
-CG fácil de ajustar.
-Ele é leve, toda a construção é leve e bem executada.
- O avião pode usar uma eletrônica muito mais leve que a sugerida sem perder nada em performance nem qualidade de vôo. Na verdade, a performance dele melhora por ficar mais leve.
-É um P51, oras! The meanest bird in the skies! Além disso, a entelagem “Gunfighter” adiciona mais malvadeza ainda ao visual do bicho.

[b:dac0ef1fcb]Contras:[/b:dac0ef1fcb]
-Retráteis originais plásticos acionados por servos: imprecisos, ineficientes. Porque essa insistência, World Models? Era melhor a fábrica sugerir o uso de retráteis servoless, ou mesmo vender eles sob licença. Mais qualidade na montagem e menos dor no pouso.
-A qualidade em alguns detalhes e hardware deixa a desejar, como na moldagem do radiador, na ausência das metrancas, no spinner que não balanceia e em um montante de plástico para um motor que vai entregar pelo menos 450w.
- A construção, por ser muito leve, é frágil ao toque em pontos não estruturais. Ele deve ser manuseado com cuidado no chão. A tampa da baia da bateria quebra de olhar torto pra ela!
-A entelagem é muito bonita mas veio mal aplicada no meu. Muitos vincos e “amarrotados”, pontas soltando. Ele pediu um ferrinho.

Texto e edição: Bruno Angrisano
Construtor: Bruno Angrisano
Piloto: Bruno Angrisano
Fotos: Bruno Angrisano e Edgar Ashiuchi
Videos: Edgar Ashiuchi e Will Edson
Vamos melhorar o nível do e-voo: se observar grosseria ou falta de educação, CLIQUE NO BOTÃO DENUNCIAR!!!
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Mensagem por brunollo »

Pessoal, desculpem a demora pra sair esse review. Eu realmente estou muito atarefado no trabalho, e tenho tido pouco tempo pra montar, o que dirá pra escrever e publicar o review! De qualquer forma, tem outros dois reviews engatilhados pra quem fica agoniado em casa sem poder voar na época de chuva!
Vamos melhorar o nível do e-voo: se observar grosseria ou falta de educação, CLIQUE NO BOTÃO DENUNCIAR!!!
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Mensagem por brunollo »

Ah, uma dúvida: para facilitar a visualização em tablets e smartphones, e pra aumentar a qualidade das imagens, eu as publiquei com 800 px de largura. Vcs gostaram ou preferem o tamanho antigo, de 640px?
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Hidden
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Mensagem por Hidden »

Brunollo, como sempre, muito bem feito o review, parabéns.

Como havia dito lá no review do A6 Texan, em 13 de junho quando você disse que "em breve" sairia o review do P-51, eu estreei o meu em 7 de junho.

O meu modelo, comprei (se não me falha a memória) do usuário Iwasa aqui do e-voo, ele havia comprado o kit e toda a eletrônica mas desistiu de montar, acabei comprando dele com o motor E-Max 2826/06 de 950Kv, e ele me mandou "de brinde" um montante do motor que ele havia mandado fabricar em alumínio com uso de uma CNC, muito show por sinal, mas que acredito que seja um pouco mais pesado que o montante feito com as barras roscáveis, mas mesmo assim (somando ao motor mais pesado) meu aero com uma bateria Turnigy 3S 2200mAh 30C está com um peso em ordem de vôo de 1400g (com os retráteis e linkagem originais).

Com relação aos retráteis, uma vez que uso os originais, instalei um servo de 9g que modifiquei para ter maior curso (cerca de 160º) e também instalei um controlador de velocidade do servo, o que deixou o acionamento bem escala e confiável, uma vez que o servo não fica "forçando" após o acionamento, mas dá trabalho acertar o conjunto para ficar 100%. Já a parte mecânica dos retráteis, realmente são um pouco frágeis para o tamanho do aero (na verdade o mecanismo é o mesmo utilizado na linha de aeros classe 10E, somente o arame do trem é mais grosso), no meu eu reforcei a estrutura da asa e por enquanto o conjunto tem resistido, mas os pousos tem que ser suaves (o que não é difícil com este aero).

O meu tive "a manha" de lenhá-lo na estréia, já tinha feito uns 3 vôos com ele e o aero voa tão gostoso que fui fazer o "último vôo do dia" (aquele que não deve nunca ser feito), e já no finalzinho do vôo resolvi fazer mais um looping, como estava mais baixo, na parábola de descida do looping puxei um pouco mais o profundor para não perder altitude e na saída acabei dando muito profundor e o aero estolou de ponta de asa e mergulhou em parafuso, cortei o motor e consegui estabilizar mas o aero sumiu de vista em uma parte ao lado da pista que é mais baixa e colidiu com a copa de um eucalipto e caiu da copa diretamente ao chão, pelo barulho que fez achei que tinha virado pó, mas para minha surpresa o aero estava inteiro, somente dois pontos do bordo de ataque da asa quebrados (devido ao choque com galhos) e o eixo do motor empenado (quando caiu do eucalipto bateu de bico) e dei tanta sorte que parou de barriga para cima, e não quebrou nem o canopi e nem o acabamento do radiador, que são dois itens muito frágeis.

Acabei por retirar toda a entelagem da asa para fazer os reparos e re-entelei com filme da HK na cor "solid silver" que tem praticamente o mesmo tom do filme original, existe uma diferença quase imperceptível, para ter uma idéia os ailerons deixei com a entelagem original e não se nota a diferença entre eles e a asa. Se você ver esta asa sem entelagem, tem umas nervuras que são feitas de balsa tão macia que dá até medo de por a mão, somente a entelagem é que dá solidez ao conjunto mesmo.

Uma coisa que só pensei depois que re-entelei a asa é que deveria ter aproveitado para instalar luzes de navegação nas pontas da asa, ia ficar um show, mas deixa para a próxima, embora espero não ter que retirar esta entelagem nunca mais.

Bem cara, é isso, acabei me empolgando e enchendo seu review com minhas histórias, mas é que este aero empolga mesmo a gente, como você frisou bem, além de lindo, voa demais!!

Abraços.
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brunollo
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Mensagem por brunollo »

Hidden, é legal isso, outros usuários observarem semelhanças e diferenças entre seus aviões. Eu gostei de saber que o filme solid silver da HK é uma boa opção para cobrir o bicho, a gente realmente nunca sabe quando terá que recobrir um avião ou algum pedaço que rasgou.
Fiquei feliz de ver que com 3s seu avião também voou bem. Não entendo os americanos, o P51 mais leve que eles montaram ficou com 1600g, hehehe! Até os aeromodelos por lá são obesos!
Se vc tiver tempo, recomendo depois a vc trocar os retráteis com servo por retráteis servoless. Eu usei os e-Flite pois estava curioso pra saber como eram, e eram os únicos que tinha à disposição para pronta entrega. Acho que se vc procurar na HK tem boas opções tb. Eu comprei um kit triciclo (EPF Hobby SNME) da HK para montar em um jato de 1m que eu gostei bastante. Todo com engrenagens em metal e um controlador remoto, realmente fui com a cara desse EPF.
Vamos melhorar o nível do e-voo: se observar grosseria ou falta de educação, CLIQUE NO BOTÃO DENUNCIAR!!!
Trancado