O Terzi T30 Katana é um avião acrobático italiano projetado pelo engenheiro aeronáutico italiano Pietro Terzi. Apesar de não ser uma aeronave de grande sucesso, assim como as linhas Extra, GameBird, Edge, Yak... o Katana faz muito sucesso no modelismo, com diversas versões e tamanhos disponíveis.
Temos disponível um kit nacional, da WGS aeromodelos, com 140cm de envergadura, para motores .46 a .52 glow. Dou ênfase na motorização pois é isso mesmo, o modelo é pensado e desenhado para receber um motor glow, mas o pessoal aqui no fórum eletrificava até Trex 700, não será tão difícil assim fazer o mesmo no Kataninha.
Katana WGS: https://wgsaeromodelos.com.br/produto/a ... ra-montar/
Achei um avião com potencial. A entelagem do fabricante não favoreceu muito o modelo, mas com o padrão certo ele fica um filé. O modelo tem algumas características ímpares, como a "quilha" que alonga a raiz da asa e a fuselagem muito estreita dão uma certa cara de agressividade, avião moderno..
Não comprei esse kit diretamente da WGS, na verdade peguei em uma oportunidade. O antigo dono montou todo o madeiramento e desistiu da montagem, acabei comprando por um valor inferior ao kit para montar. Limpei muita poeira, tirei algumas teias de aranha, revisei o madeiramento e as colagens, e prossegui pra conversão e acabamento. O kit tinha algumas trincas em chapeamento, alguns quebrados em partes frágeis... o que é de se esperar de uma madeira de pouca espessura há muito tempo guardada, mas no geral a estrutura do avião é boa, vai aguentar muito bem um voo sport/acrobático com torque roll, parafuso chato... o básico do 3D dazantiga.
Pros amantes do Super Trunfo, vamos à ficha técnica:
-Dimensões:
Envergadura: 140 cm
Comprimento da fuselagem (do leme ao spinner): 140 cm
Comprimento da fuselagem (sem spinner): 132cm
Corda na raiz (contando a "quilha"): 54,5 cm
Corda na ponta: 21,3 cm
Peso: aprox. 3kg
-Setup:
Motor: Dualsky GA1500.5 500KV
ESC: Hobbywing Flyfun 80A
Hélice: Madeira 15x8
Bateria: HRB 6S 4000 mah
Servos: 4x Align DS615
Receptor: FrSky X8R
Rádio: FrSky Tandem X20
Pergunta recorrente: porque utilizar um motor equivalente à um 15cc em um avião pra motor 46 a 52?
Nos elétricos pequenos e nos glow não tem muito erro, é receitinha de bolo. Cada modelo tem sua indicação de motor, cada motor tem sua indicação de hélice e acabou. A regra aqui seria um OS 52, com hélice de 13 pol e pau na máquina. Mas, se eu utilizar um motor elétrico equivalente à um 52 glow, muito provavelmente teria que trabalhar com a maior hélice recomendada para o motor, aumentando o consumo e diminuindo a autonomia. A solução é tentar encontrar o equilíbrio, usando um motor mais potente, mas com uma hélice pequena.
Para o GA1500 são indicadas:
HÉLICE/CORRENTE MÁX. (A) / POTÊNCIA MAX. (W) / EMPUXO ESTÁTICO (G)
15X8 / 56.7 / 985.5 / 4420
16X8 / 68.6 / 1176.7 / 5228
17X8 / 81.4 / 1376.6 / 5889
Com a menor hélice indicada eu tenho toda a potência necessária (985.5W), porém, com baixo consumo (56.7A). Esse é o equilíbrio, com potência e autonomia. E ainda tenho a possibilidade de dar um gás a mais com a 16X8, ainda com uma boa folga no ESC; com a 17x8 fica apertado.
Mas vamos ao trabalho manual.
Recebi uma caixa bem grande, com a parte da madeira praticamente pronta.
O primeiro serviço foi fazer a "conversão" para elétrico, construindo uma base para a bateria no local onde seria inserido o servo de acelerador e o tanque. Comprei uma base para baterias 6s de automodelo em fibra de carbono e alumínio, e fiz o ajuste com uma chapa de compensado.
Também substituí a baioneta original por uma de carbono, mais leve.
Decidi instalar um conector XT90 "de mesa" para facilitar a conexão, sem precisar ficar enfiando a mão dentro do avião para segurar conectores.
Recebi o motor, muito bem construído. E grande!
Pintei o interior com primer cinza e iniciei a instalação da eletrônica, para passar o máximo de fiação possível antes de fechar a entelagem.
Macete de eletricista que aprendi com meu pai.]
Suporte para antenas impresso na 3D.
O primeiro problema de construção. Está muito difícil encontrar stand-offs prontos nas lojas de hobby, a solução é pedir para um torneiro fazer sob medida. Fiz um desenho simples e um amigo fez as peças para mim, simplesmente perfeitas. Comprimento, encaixe no motor... Tudo certo!
Com motor no lugar e a maior parte da fiação instalada, foi hora de partir pro acabamento. Desenhei o layout da entelagem e já instalei os horns, de carbono.
Recebi a hélice de madeira e o spinner de carbono no estilo "ultimate". Não gostei da hélice na madeira crua e decidi pintar. Deveria ter feito as pontas em vermelho, muito mais contrastantes com o branco, mas na próxima eu já altero o padrão de cores.
Bastante material.
Lixa, primer, lixa...
Parte de trás em preto, assim como na aviação.
Pintada de balanceada.
Voltando ao avião... Em todos os meus projetos maiores eu utilizo malha náutica, que dá um acabamento muito mais bonito e protege todos os cabos.
A malha é de 6mm e o termorretrátil é de 15mm.
Em helis fica ainda mais discreto. No meu X5, por exemplo:
Aqui tem um tutorial de como aplicar a malha:
https://www.youtube.com/watch?v=gFXzl6nkSyQ
Material cortado, pronto para entelar.
Antes de fechar a barriga do avião com chinakote, terminei de amarrar toda a fiação para deixar escondidas as "cabeças" das braçadeiras de nylon.
Para aplicar o azul eu faço toda a marcação com fita crepe, para garantir o alinhamento e simetria.
Apliquei o azul na lateral e antes de fechar a barriga, já instalei o servo do profundor. A fuselagem é estreita e o acesso é restrito. Passar essa extensão depois de tudo fechado seria complicado.
Tem um tutorial sobre como aplicar vinil sobre o chinakote:
https://www.youtube.com/watch?v=hEpYgPnIaRA
Não resisti e juntei tudo pra ver como tava ficando.
Depois de montar o trem de pouso e instalar a hélice, percebi que estava muito próxima do chão com a cauda levantada. A ideia originalmente era utilizar rodas de espuma pequenas e com polainas, mas precisava de rodas maiores. Decidi utilizar um par de Du-Bro, que deram uma levantada no nariz e afastaram um pouco a hélice do chão.
Também comprei uma bequilha semiescala da Du-Bro. Apesar de ser plástico, confiei pelo nome da marca, mas achei muito molenga, vou ter que aliviar muito no pouso para não ficar batendo a bequilha no leme.
Para linkar o leme utilizei o esquema pull-pull, com cabo para encastoar de 90 libras. Já a linkagem de profundor e ailerons foi rígida, utilizando o esquema de barra roscada, ball links e tubo de carbono. Tem um tutorial dessa linkagem aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=qRhjzzC2CS8&t=409s
Consegui uma boa deflexão dos comandos. Só ajustei os endpoints para não forçar os servos ou as estruturas, o ajuste fino farei com auxílio de um pitch gauge.
Para fixar o canopy peguei duas borrachas de parafusar servo, cortei no meio, e utilizei uma dessas arruelas de borracha por parafuso.
Hora das asas. Assim como na fuselagem, desenhei o layout da entelagem antes de partir para o material definitivo.
Ensaio geral.
Como sou meio cegueta, em todos os meus aviões eu adoto esse padrão listrado no intradorso. É o padrão que consigo diferenciar melhor à distância, me acostumei com ele.
Quase pronto.
O grande desafio dessa construção é, sem dúvida, o cowl. Não gostava da estética e nem da funcionalidade do original e resolvi alterar. Queria um cowl com aspecto mais moderno e que permitisse circulação de ar diretamente sobre o ESC. A ideia foi fazer uma nova estrutura em depron e cobrir com fibra de vidro. Depois de aplicada a fibra de vidro, comecei a remover o depron.
Não ficou tão medonho quanto eu esperava, mas vai um bom trabalho de lixa e massa pra deixar bonito.
E por enquanto é isso. Quando pintar um tempo eu termino esse cowl!